segunda-feira, 25 de junho de 2012

Regência nominal

Regência Nominal é o nome da relação entre um substantivo, adjetivo ou advérbio transitivo e seu respectivo complemento nominal. Essa relação é intermediada por uma preposição.

No estudo da regência nominal, deve-se levar em conta que muitos nomes seguem exatamente o mesmo regime dos verbos correspondentes.

Conhecer o regime de um verbo significa, nesses casos, conhecer o regime dos nomes cognatos.

- alheio a, de                                     - liberal com
- ambicioso de                                  - apto a, para      
- análogo a                                        - grato a
- bacharel em                                    - indeciso em
- capacidade de, para                        - natural de
- contemporâneo a, de                      - nocivo a
- contíguo a                                       - paralelo a
- curioso a, de                                   - propício a
- falto de                                           - sensível a
- incompatível com                          - próximo a, de
- inepto para                                     - satisfeito com, de, em, por
- misericordioso com, para com      - suspeito de
- preferível a                                    - longe de
- propenso a, para                            - perto de
- hábil em

Exemplos:

Está alheio a tudo.
Está apto ao trabalho.
Gente ávida por dominar.
Contemporâneo da Revolução Francesa.
É coisa curiosa de ver.
Homem inepto para a matemática.
Era propenso ao magistério.

Regência verbal

A regência de um verbo é determinada pela relação do mesmo com seu complemento. Logo, o verbo é o termo regente e o complemento é o termo regido. Exemplos:

Joana assistiu um paciente no hospital onde trabalha.
Joana assistiu ao jogo da seleção brasileira.


Observe que na primeira oração o verbo assistir é transitivo direto, ou seja, exige complemento (objeto direto) e tem significado aproximado de “prestar assistência”. Já na segunda oração o verbo “assistir” é transitivo indireto, ou seja, exige complemento, porém precedido de preposição e significa “ver”.

Reger é determinar a flexão de um termo, que neste caso é o complemento, já que o verbo é o termo regente.

Há uma dependência sintática entre regente (verbo) e termo regido (complemento), uma vez que o último completa o sentido do primeiro. Veja:

Joana comprou uma bolsa para Jussara.

O verbo “comprou” é transitivo direto e pede um complemento: Joana comprou o que? Uma bolsa (termo regido), para quem? Para Jussara (objeto indireto: precedido da preposição “para”).

Os pronomes pessoais oblíquos o, a, os, as e suas variações la, lo, los, las, no, na, nos, nas são objetos diretos. Já os pronomes lhe, lhes são objetos indiretos. Exemplos:

Joana disse que iria comprá-la.
Joana disse que iria comprar. Comprar o quê? La (algo, um objeto, o qual pode ser uma bolsa, uma blusa, etc).
Joana lhe explicou por que não era para comprar.
Joana explicou. Explicou o quê? O motivo pelo qual não era para comprar. Explicou para quem? Lhe (para você: objeto indireto precedido de preposição). 

Omissão dos complementos nos casos de regência 

A omissão dos complementos nos casos de regência se manifesta no intuito de evitar repetições.

A omissão dos complementos nos casos de regência representa mais uma particularidade linguística da qual devemos ter conhecimento. Dada essa realidade, a partir de agora estabeleceremos familiaridade com o assunto.

A omissão de termos se manifesta no intuito de evitar possíveis repetições, tornando o discurso ainda mais claro e preciso. Em se tratando do contexto ao qual fazemos referência, nada de diferente ocorre, levando em consideração os complementos verbais e nominais. No que se refere a estes últimos, analisemos o seguinte enunciado:

Respeito e obediência aos mais velhos.
Constatamos que o complemento “aos mais velhos” foi nitidamente omitido. Concorda? Sim, pois na intenção de deixar o discurso repetitivo, poderíamos optar pela seguinte enunciação: respeito aos mais velhos e obediência aos mais velhos.

Dessa forma, houve a possibilidade de usarmos tal recurso (a omissão), visto que os substantivos “respeito e obediência” possuem a mesma regência.

Pode-se dizer que o mesmo ocorre em se tratando de complementos verbais. Analisemos, pois, outro enunciado:

Li e devolvi a revista.

Li a revista e devolvi a revista. Ora, por que não dizer apenas:

Li a revista e devolvi-a.

Constatamos que o recurso se manifestou, visto que, semelhantemente ao caso anterior, ambos os verbos obedecem à mesma regência, ou seja, são transitivos diretos. 

Peculiaridades do verbo lembrar 

As peculiaridades do verbo lembrar são demarcadas, entre outros aspectos, pela regência, a qual o faz configurar como transitivo direto e transitivo indireto.

As peculiaridades são marcas, traços característicos, os quais se referem a algo ou a alguém. E quando esse assunto se relaciona aos verbos, percebemos que o ajuste se dá de forma ainda mais efetiva, visto que tal classe é norteada por uma complexidade significativa no que tange a vários aspectos, dentre eles a regência. 

Regência essa demarcada pela relação que se estabelece entre o verbo e seus respectivos complementos, levando em consideração o contexto em que esse verbo se encontrar inserido. Assim, exatamente em função de tal contexto, constataremos a presença ou não da preposição, ou seja, se transitivos diretos ou indiretos.

Dada essa realidade, elegemos, pois, o verbo lembrar - representando o fato em questão. Mesmo porque, cotidianamente fazemos uso dele, e nada melhor do que estarmos cientes dos pontos que o demarcam. Partindo desse princípio, vejamos:

No sentido de vir à memória, ora configurando um ato extremamente involuntário de nossa parte, muitos não sabem, mas o correto é empregarmos a forma pronominal. Importante também é sabermos que tal pressuposto também se aplica ao verbo esquecer. Observe:

Eu não me lembro de ter visitado aquele lugar.
Nunca me esquecerei dos momentos felizes que passamos aqui.


Constatamos que por se tratar de um verbo pronominal, o complemento que a ele se refere sempre é regido por uma preposição – fato que o faz ser concebido como transitivo indireto. No exemplo em pauta, as preposições se revelam por “de” e “dos”.

Tal ocorrência também pode ser constatada quando o complemento é demarcado por um verbo no infinitivo, como em:

Ele não se lembrou de entregar a documentação exigida. (primeira conjugação)

Não se esqueça de trazer a encomenda solicitada. (segunda conjugação)


Partamos agora para outros contextos, nos quais o verbo em questão assumirá a condição de transitivo direto, dispensando assim o uso da preposição. Note:

Aquela senhora lembra uma antiga professora. (sentido de ser parecida com alguém)

Tudo aqui lembra minha esposa. (sentido de trazer à memória a figura de alguém)


Por fim, é importante lembrarmos de que quando o sentido se referir a “informar”, “advertir” ou “prevenir”, a construção se dará  com o objeto direto de pessoa (demarcado pelos pronomes oblíquos o, a, os as) e com o indireto de assunto (demarcado pela preposição de). Assim, nada mais conveniente que expressarmos com base no exemplo em evidência:

Lembrou-a de que deveria comparecer à reunião.   

Lembrou quem? Ela (a)
De quê? De que deveria comparecer à reunião. 

Regência de verbos com sentido de movimento ou estático 

A regência de verbos com sentido de movimento ou estático se dá por meio de preposições distintas: os verbos de movimento regem a preposição “a”, enquanto os verbos estáticos regem a preposição “em”.

Os estudos sintáticos nos permitem compreender como se dão as relações que as palavras desempenham quando inseridas num contexto linguístico. Sendo assim, se falamos acerca da regência de verbos com sentido de movimento ou estático, estamos nos referindo, pois, à relação que tais verbos estabelecem com os complementos que os sucedem.

Nesse sentido, de forma a ampliar nossa competência linguística, tendo em vista a variedade padrão, ocupemo-nos em analisar alguns pressupostos relacionados a esse assunto. Assim, vejamos:

Os verbos que indicam movimento, expressos por “chegar, ir, voltar”, entre outros, sempre regem a preposição “a”. Desse modo, vejamos alguns exemplos nos quais constatamos tal ocorrência:

Duas vezes depois, voltamos ao teatro.

Chegamos ao parque já com alguns minutos de atraso.

Fui ao colégio para me despedir da turma.


Aqueles verbos que indicam sentido estático, como os representados por “morar, residir, ficar”, entre outros, regem a preposição “em”. Analisemos, então, alguns casos:

Moramos na Avenida dos Alpes.

Meus primos residem em Fortaleza, onde sempre passamos as férias.

Ficamos em casa, estudando para as avaliações.
 

Alguns verbos que causam dúvidas 

Há alguns verbos que geram dúvidas quanto à sua regência. A regência desses verbos implica em mudança de sentidos nas frases. Estudar a regência verbal dos casos especiais de regência é importante para termos uma correta interpretação do que nos dizem ou do que lemos. Veja a explicação dos verbos mais usados na língua, mas que causam equívocos quanto à regência:

• Agradar: transitivo direto ou indireto
Objeto direto: fazer carinhos. Exemplo: Agrada a esposa todo aniversário.

Objeto indireto: ser agradável: Exemplo: Seu discurso não agrada ao país.

• Aspirar: transitivo direto ou indireto
Objeto direto: inspirar o ar. Exemplo: Aspirei um aroma muito bom agora.

Objeto indireto: desejar, ter ambição. Exemplo: Aspiro ao cargo de prefeito.

• Assistir: transitivo direto, indireto ou intransitivo
Objeto direto ou indireto. auxiliar, prestar ajuda. Exemplos: O médico assiste o paciente nesse horário./ O médico assiste ao paciente nesse horário.

Objeto indireto: ver, presenciar. Exemplo: Assistimos à peça teatral.

Objeto indireto: pertencer, caber. Exemplo: Esse plantão assiste ao novo porteiro.

Intransitivo: morar, residir. Exemplo: A alegria e a humildade assistem em pessoas de princípios.

• Chamar: transitivo direto ou indireto
Objeto direto: mandar vir, solicitar a presença. Exemplo: A professora chamou os alunos. Quando regido da preposição por: Exemplo: Ela chamou por mim.

Objeto indireto: chamar pelo nome, apelidar. Exemplos: Chamaram a menina de balão. Chamaram-na de balão. Chamaram a menina balão. Chamaram-na balão. Chamaram à menina de balão. Chamaram-lhe balão. Chamaram à menina balão.

• Implicar: transitivo direto ou indireto
Objeto Indireto: acarretar, provocar. Exemplo: A sua desobediência implicará em  consequências.

Objeto direto: dar a entender, pressupor. Exemplo: Sua obediência implicará  bons resultados, como: experiência e maturidade.

Objeto direto e indireto: comprometer, envolver. Exemplo: Implicaram o presidente da república com embasamento em seu discurso.

Objeto indireto: antipatizar. Exemplo: Joana implicava com  sua colega de sala.

• Precisar: transitivo direto e indireto
Objeto direto: indicar com precisão. Exemplo: O policial precisou o lugar do crime.

Objeto indireto: necessitar seguido da preposição de: Exemplo: Joana precisa de sua ajuda.

• Querer: transitivo direto ou indireto
Objeto direto: desejar, permitir. Exemplo: Quero pedir-lhe desculpas.

Objeto indireto com a preposição “a”: gostar, ter afeto. Exemplo: Quero muito bem aos meus familiares.

• Reparar: transitivo direto ou transitivo indireto
Objeto direto: consertar. Exemplo: Vou chamar o técnico para que repare nossa televisão.

Objeto indireto seguido de preposição “em”: prestar atenção: Exemplo: Ele reparou na (em+a) cor do cabelo da menina.

• Visar: transitivo direto ou indireto
Objeto direto: mirar, apontar, pôr visto: Exemplo: O arqueiro visou o centro do seu alvo e acertou.

Objeto indireto (complemento precedido de preposição “a”): ter em vista, ter por objetivo. Exemplo: As novas medidas na empresa visam ao bem-estar geral.

Relação entre as preposições e a regência verbal 

Mediante os pressupostos apresentados pelos fatos linguísticos, constatamos que entre as preposições e os fatos linguísticos há uma estreita relação.

Discutir acerca dos fatos que norteiam a língua é sempre proveitoso, dado o aprimoramento de nossa competência linguística. Razão esta que nos conduz a mais um deles, desta feita entrando em cena...
“Relações entre as preposições e a regência verbal”

Trata-se de um episódio linguístico cujos atores, como já deu para perceber, são representados pelas preposições e pela regência verbal: representando cenas da vida cotidiana. Por que “da vida cotidiana”? Porque o fato, a ocorrência, faz-se presente em nossas comunicações cotidianas e, como tal, precisamos estar atentos a alguns detalhes, os quais não podem jamais passar em branco.

Não é preciso ir muito além para compreender que a regência verbal nada mais é do que a relação estabelecida entre os verbos e seus respectivos complementos. Entre essa relação há aqueles que indispensavelmente requerem o uso das preposições. Partindo desse princípio, sobretudo apoiando-nos em alguns exemplos, certifiquemo-nos de algumas informações:

Esse é o livro que todos precisavam.
Ora, quem precisa, precisa de algo. Assim, reformulando o discurso, obtemos:
Esse é o livro de que todos (ou do qual) precisavam.

Aquele é o único amigo que confio.
Como, se quando confiamos, confiamos sempre em alguém? Ou seja, o correto seria:
Aquele é o único amigo em (ou no qual) que confio.

Esta é a ideia que me refiro.
Você faz referência a algo, não é verdade? Logo, cuide-se para que tal discurso seja expresso da seguinte forma:
Esta é a ideia a que me refiro.
Perdemos o professor que os alunos mais gostavam.
Onde estás tu, querida preposição? Se gostamos, gostamos de alguém. Ou seja:
Perdemos o professor de quem os alunos mais gostavam.

Esses, entre tantos outros, representam os muitos exemplos onde se demarca a estreita relação que há entre as preposições e a regência verbal.

Paráfrase e paródia

Antes de começarmos a entender sobre a maneira pela qual se conceituam estes termos, é importante lembrarmos sobre a questão da intertextualidade.

A intertextualidade se dá através do diálogo estabelecido entre dois textos. Mas de que forma isso acontece? Um exemplo bem simples é o título de uma redação, pois o “assunto” a ser discutido intertextualiza com nossas ideias, nosso conhecimento de mundo, ou seja, ninguém escreve ou fala sobre aquilo do qual não conhece ou não ouviu falar.

Podemos tecer um texto intertextualizando uma música, uma pintura, uma reportagem publicada em um jornal, um assunto polêmico que circula na mídia, e muitos outros. Agora começaremos a entender mais sobre a paródia e paráfrase, que também são formas de intertextualização.

A paráfrase origina-se do grego “para-phrasis” (repetição de uma sentença). Assim, parafrasear um texto, significa recriá-lo com outras palavras, porém sua essência, seu conteúdo permanecem inalterados. Vejamos dois exemplos a seguir:

Texto Original

Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá,
As aves que aqui gorjeiam
Não gorjeiam como lá.
(Gonçalves Dias, “Canção do exílio”).


Paráfrase

Meus olhos brasileiros se fecham saudosos
Minha boca procura a ‘Canção do Exílio’.
Como era mesmo a ‘Canção do Exílio’?
Eu tão esquecido de minha terra…
Ai terra que tem palmeiras
Onde canta o sabiá!
(Carlos Drummond de Andrade, “Europa, França e Bahia”)


Podemos notar que o poeta modernista Carlos Drummond de Andrade faz somente uma recriação daquilo que Gonçalves Dias já havia criado na era romântica. Já a paródia é um exemplo de recriação baseada em um caráter contestador, às vezes até utilizando-se de uma certa dose de ironia e sarcasmo. Este recurso foi muito utilizado pelos poetas modernistas com o objetivo de criticar os “moldes” de outras escolas literárias. Para exemplificar temos:

Minha terra tem palmares
onde gorjeia o mar
os passarinhos daqui
não cantam como os de lá.
(Oswald de Andrade, “Canto de regresso à pátria”).

Polissemia

Consideremos as seguintes frases:

Paula tem uma mão para cozinhar que dá inveja!
Vamos! Coloque logo a mão na massa!
As crianças estão com as mãos sujas.
Passaram a mão na minha bolsa e nem percebi.


Chegamos à conclusão de que se trata de palavras idênticas no que se refere à grafia, mas será que possuem o mesmo significado? Existe uma parte da gramática normativa denominada Semântica. Ela trabalha a questão dos diferentes significados que uma mesma palavra apresenta de acordo com o contexto em que se insere.

Tomando como exemplo as frases já mencionadas, analisaremos os vocábulos de mesma grafia, de acordo com seu sentido denotativo, isto é, aquele retratado pelo dicionário.

Na primeira, a palavra “mão” significa habilidade, eficiência diante do ato praticado. Nas outras que seguem o significado é de: participação, interação mediante a uma tarefa realizada; mão como parte do corpo humano e por último, simboliza o roubo, visto de maneira pejorativa.

Reportando-nos ao conceito de Polissemia, logo percebemos que o prefixo “poli” significa multiplicidade de algo. Possibilidades de várias interpretações levando-se em consideração as situações de aplicabilidade.

Há uma infinidade de outros exemplos em que podemos verificar a ocorrência da polissemia, como por exemplo:

O rapaz é um tremendo gato.
O gato do vizinho é peralta.
Precisei fazer um gato para que a energia voltasse.

Pedro costuma fazer alguns “bicos” para garantir sua sobrevivência
O passarinho foi atingido no bico.