sexta-feira, 22 de março de 2013

Regência verbal


O estudo da regência verbal nos ajuda a escrever melhor. Quanto à regência verbal, os verbos podem ser:

- Transitivo direto
- Transitivo indireto
- Transitivo direto e indireto
- Intransitivo

ASPIRAR

O verbo aspirar pode ser transitivo direto ou transitivo indireto.

Transitivo direto: quando significa “sorver”, “tragar”, “inspirar” e exige complemento sem preposição.

- Ela aspirou o aroma das flores.
- Todos nós gostamos de aspirar o ar do campo.

Transitivo indireto: quando significa “pretender”, “desejar”, “almejar” e exige complemento com a preposição “a”.

- O candidato aspirava a uma posição de destaque.
- Ela sempre aspirou a esse emprego.

Obs: Quando é transitivo indireto não admite a substituição pelos pronomes lhe(s). Devemos substituir por “a ele(s)”, “a ela(s)”.

- Aspiras a este cargo?
- Sim, aspiro a ele. (e não “aspiro-lhe”).

ASSISTIR

O verbo assistir pode ser transitivo indireto, transitivo direto e intransitivo.

Transitivo indireto: quando significa “ver”, “presenciar”, “caber”, “pertencer” e exige complemento com a preposição “a”.

- Assisti a um filme. (ver)
- Ele assistiu ao jogo.
- Este direito assiste aos alunos. (caber)

Transitivo direto: quando significa “socorrer”, “ajudar” e exige complemento sem preposição.

- O médico assiste o ferido. (cuida)

Obs: Nesse caso o verbo “assistir” pode ser usado com a preposição “a”.

- Assistir ao paciente.

Intransitivo: quando significa “morar” exige a preposição “em”.

- O papa assiste no Vaticano. (no: em + o)
- Eu assisto no Rio de Janeiro.

“No Vaticano” e “no Rio de Janeiro” são adjuntos adverbiais de lugar.

CHAMAR

O verbo chamar pode ser transitivo direto ou transitivo indireto.

É transitivo direto quando significa “convocar”, “fazer vir” e exige complemento sem preposição.

- O professor chamou o aluno.

É transitivo indireto quando significa “invocar” e é usado com a preposição “por”.

- Ela chamava por Jesus.

Com o sentido de “apelidar” pode exigir ou não a preposição, ou seja, pode ser transitivo direto ou transitivo indireto.

Admite as seguintes construções:

- Chamei Pedro de bobo. (chamei-o de bobo)
- Chamei a Pedro de bobo. (chamei-lhe de bobo)
- Chamei Pedro bobo. (chamei-o bobo)
- Chamei a Pedro bobo. (chamei-lhe bobo)

VISAR

Pode ser transitivo direto (sem preposição) ou transitivo indireto (com preposição).
Quando significa “dar visto” e “mirar” é transitivo direto.

- O funcionário já visou todos os cheques. (dar visto)
- O arqueiro visou o alvo e atirou. (mirar)

Quando significa “desejar”, “almejar”, “pretender”, “ter em vista” é transitivo indireto e exige a preposição “a”.

- Muitos visavam ao cargo.
- Ele visa ao poder.

Nesse caso não admite o pronome lhe(s) e deverá ser substituído por a ele(s), a ela(s). Ou seja, não se diz: viso-lhe.

Obs: Quando o verbo “visar” é seguido por um infinitivo, a preposição é geralmente omitida.

- Ele visava atingir o posto de comando.

ESQUECER – LEMBRAR

- Lembrar algo - esquecer algo
- Lembrar-se de algo - esquecer-se de algo (pronominal)

No 1º caso, os verbos são transitivos diretos, ou seja exigem complemento sem preposição.

- Ele esqueceu o livro.

No 2º caso, os verbos são pronominais (-se, -me, etc) e exigem complemento com a preposição “de”. São, portanto, transitivos indiretos.

- Ele se esqueceu do caderno.
- Eu me esqueci da chave.
- Eles se esqueceram da prova.
- Nós nos lembramos de tudo o que aconteceu.

Há uma construção em que a coisa esquecida ou lembrada passa a funcionar como sujeito e o verbo sofre leve alteração de sentido. É uma construção muito rara na língua contemporânea , porém, é fácil encontrá-la em textos clássicos tanto brasileiros como portugueses. Machado de Assis, por exemplo, fez uso dessa construção várias vezes.

- Esqueceu-me a tragédia. (cair no esquecimento)
- Lembrou-me a festa. (vir à lembrança)

O verbo lembrar também pode ser transitivo direto e indireto (lembrar alguma coisa a alguém ou alguém de alguma coisa).

PREFERIR

É transitivo direto e indireto, ou seja, possui um objeto direto (complemento sem preposição) e um objeto indireto (complemento com preposição)

- Prefiro cinema a teatro.
- Prefiro passear a ver TV.

Não é correto dizer: “Prefiro cinema do que teatro”.

SIMPATIZAR

Ambos são transitivos indiretos e exigem a preposição “com”.

- Não simpatizei com os jurados.

QUERER

Pode ser transitivo direto (no sentido de “desejar”) ou transitivo indireto ( no sentido de “ter afeto”, “estimar”).

- A criança quer sorvete.
- Quero a meus pais.

NAMORAR

É transitivo direto, ou seja, não admite preposição.

- Maria namora João.

Obs: Não é correto dizer: “Maria namora com João”.

OBEDECER

É transitivo indireto, ou seja, exige complemento com a preposição “a” (obedecer a).

- Devemos obedecer aos pais.

Obs: embora seja transitivo indireto, esse verbo pode ser usado na voz passiva.

- A fila não foi obedecida.

VER

É transitivo direto, ou seja, não exige preposição.

- Ele viu o filme.

Regência nominal

Em gramática tradicional, regência é a relação sintática que se estabelece entre um termo regente ou subordinante (que exige outro) e o termo regido ou subordinado (regido pelo primeiro termo).

Nesse sentido, quando o termo regente é um verbo, a regência é verbal; quando é um nome, a regência é nominal.

Regência e uso

O conhecimento da regência correta (isto é, da regência que segue a gramática normativa, aquela gramática que prescreve o que se deve e o que não se deve usar na língua) de cada verbo e de cada nome é função, atividade natural, do uso. Ou seja, cada falante conhece a regência dos verbos e dos nomes que fazem parte do seu repertório usual.

Ocorre que o falante pode desconhecer certas regências, que estão de acordo com a norma-padrão, pelo fato de elas não fazerem parte de sua performance linguística. Isso acarretará em certos usos condenados pela prescrição das gramáticas normativas.

Regência nominal

A regência nominal estuda os casos em que nomes (substantivos, adjetivos e advérbios) exigem uma outra palavra para lhes completar o sentido. Em geral, a relação entre um nome e o seu complemento é estabelecida por uma preposição.

Alguns nomes e as preposições que mais comumente eles exigem:

Mais alguns nomes e as preposições que comumente eles exigem:

- acessível, adequado, desfavorável, equivalente, insensível, obediente: a
- capaz, incapaz, digno, indigno, passível, contemporâneo: de
- amoroso, compatível, cruel, cuidadoso, descontente: com
- entendido, indeciso, lento, morador, hábil: em
- inútil, incapaz, bom: para
- responsável: por

quinta-feira, 21 de março de 2013

Conjunções


Conjunção é a palavra invariável que liga duas orações ou dois termos semelhantes de uma mesma oração.

CLASSIFICAÇÃO

- Conjunções Coordenativas
- Conjunções Subordinativas

CONJUNÇÕES COORDENATIVAS

Dividem-se em:

ADITIVAS

Expressam a idéia de adição, soma.

Observe os exemplos:

- Ela foi ao cinema e ao teatro.
- Minha amiga é dona-de-casa e professora.
- Eu reuni a família e preparei uma surpresa.
- Ele não só emprestou o joguinho como também me ensinou a jogar.

Principais conjunções aditivas: e, nem, não só…mas também, não só…como também.

ADVERSATIVAS

Expressam idéias contrárias, de oposição, de compensação. Exemplos:

- Tentei chegar na hora, porém me atrasei.
- Ela trabalha muito mas ganha pouco.
- Não ganhei o prêmio, no entanto dei o melhor de mim.
- Não vi meu sobrinho crescer, no entanto está um homem.

Principais conjunções adversativas: mas, porém, contudo, todavia, no entanto, entretanto.

ALTERNATIVAS

Expressam idéia de alternância.

- Ou você sai do telefone ou eu vendo o aparelho.
- Minha cachorra ora late ora dorme.
- Vou ao cinema quer faça sol quer chova.

Principais conjunções alternativas: Ou…ou, ora…ora, quer…quer, já…já.

CONCLUSIVAS

Servem para dar conclusões às orações. Exemplos:

- Estudei muito por isso mereço passar.
- Estava preparada para a prova, portanto não fiquei nervosa.
- Você me ajudou muito; terá, pois sempre a minha gratidão.

Principais conjunções conclusivas: logo, por isso, pois (depois do verbo), portanto, por conseguinte, assim.

EXPLICATIVAS

Explicam, dão um motivo ou razão:

- É melhor colocar o casaco porque está fazendo muito frio lá fora.
- Não demore, que o seu programa favorito vai começar.

Principais conjunções explicativas: que, porque, pois (antes do verbo), porquanto.

CLASSIFICAÇÃO DAS CONJUNÇÕES SUBORDINATIVAS

CAUSAIS

Principais conjunções causais: porque, visto que, já que, uma vez que, como (= porque). Exemplos:

- Não pude comprar o CD porque estava em falta.
- Ele não fez o trabalho porque não tem livro.
- Como não sabe dirigir, vendeu o carro que ganhou no sorteio.

COMPARATIVAS

Principais conjunções comparativas: que, do que, tão…quanto, mais…do que, menos…do que.

- Ela fala mais do que um papagaio.

CONCESSIVAS

Principais conjunções concessivas: embora, ainda que, mesmo que, apesar de, se bem que.

Indicam uma concessão, admitem uma contradição, um fato inesperado.Traz em si uma ideia de “apesar de”.

- Embora estivesse cansada, fui ao shopping. (= apesar de estar cansada)
- Apesar de ter chovido fui ao cinema.

CONFORMATIVAS

Principais conjunções conformativas: como, segundo, conforme, consoante.

- Cada um colhe conforme semeia.
- Segundo me disseram a casa é esta.

Expressam uma ideia de acordo, concordância, conformidade.

CONSECUTIVAS

Expressam uma ideia de consequência.

Principais conjunções consecutivas: que (após “tal”, “tanto”, “tão”, “tamanho”).

- Falou tanto que ficou rouco.
- Estava tão feliz que desmaiou.

FINAIS

Expressam ideia de finalidade, objetivo.

- Todos trabalham para que possam sobreviver.
- Viemos aqui para que vocês ficassem felizes.

Principais conjunções finais: para que, a fim de que, porque (=para que),

PROPORCIONAIS

Principais conjunções proporcionais: à medida que, quanto mais, ao passo que, à proporção que.

- À medida que as horas passavam, mais sono ele tinha.
- Quanto mais ela estudava, mais feliz seus pais ficavam.

TEMPORAIS

Principais conjunções temporais: quando, enquanto, logo que.

- Quando eu sair, vou passar na locadora.
- Chegamos em casa assim que começou a chover.
- Mal chegamos e a chuva desabou.

Obs: Mal é conjunção subordinativa temporal quando equivale a “logo que”.

O conjunto de duas ou mais palavras com valor de conjunção chama-se locução conjuntiva.

Exemplos: ainda que, se bem que, visto que, contanto que, à proporção que.

Algumas pessoas confundem as circunstâncias de causa e consequência. Realmente, às vezes, fica difícil diferenciá-las.

Observe os exemplos:
- Correram tanto, que ficaram cansados.

“Que ficaram cansados” aconteceu depois deles terem corrido, logo é uma consequência.
Ficaram cansados porque correram muito.

“Porque correram muito” aconteceu antes deles ficarem cansados, logo é uma causa.