segunda-feira, 25 de junho de 2012

Regência nominal

Regência Nominal é o nome da relação entre um substantivo, adjetivo ou advérbio transitivo e seu respectivo complemento nominal. Essa relação é intermediada por uma preposição.

No estudo da regência nominal, deve-se levar em conta que muitos nomes seguem exatamente o mesmo regime dos verbos correspondentes.

Conhecer o regime de um verbo significa, nesses casos, conhecer o regime dos nomes cognatos.

- alheio a, de                                     - liberal com
- ambicioso de                                  - apto a, para      
- análogo a                                        - grato a
- bacharel em                                    - indeciso em
- capacidade de, para                        - natural de
- contemporâneo a, de                      - nocivo a
- contíguo a                                       - paralelo a
- curioso a, de                                   - propício a
- falto de                                           - sensível a
- incompatível com                          - próximo a, de
- inepto para                                     - satisfeito com, de, em, por
- misericordioso com, para com      - suspeito de
- preferível a                                    - longe de
- propenso a, para                            - perto de
- hábil em

Exemplos:

Está alheio a tudo.
Está apto ao trabalho.
Gente ávida por dominar.
Contemporâneo da Revolução Francesa.
É coisa curiosa de ver.
Homem inepto para a matemática.
Era propenso ao magistério.

Regência verbal

A regência de um verbo é determinada pela relação do mesmo com seu complemento. Logo, o verbo é o termo regente e o complemento é o termo regido. Exemplos:

Joana assistiu um paciente no hospital onde trabalha.
Joana assistiu ao jogo da seleção brasileira.


Observe que na primeira oração o verbo assistir é transitivo direto, ou seja, exige complemento (objeto direto) e tem significado aproximado de “prestar assistência”. Já na segunda oração o verbo “assistir” é transitivo indireto, ou seja, exige complemento, porém precedido de preposição e significa “ver”.

Reger é determinar a flexão de um termo, que neste caso é o complemento, já que o verbo é o termo regente.

Há uma dependência sintática entre regente (verbo) e termo regido (complemento), uma vez que o último completa o sentido do primeiro. Veja:

Joana comprou uma bolsa para Jussara.

O verbo “comprou” é transitivo direto e pede um complemento: Joana comprou o que? Uma bolsa (termo regido), para quem? Para Jussara (objeto indireto: precedido da preposição “para”).

Os pronomes pessoais oblíquos o, a, os, as e suas variações la, lo, los, las, no, na, nos, nas são objetos diretos. Já os pronomes lhe, lhes são objetos indiretos. Exemplos:

Joana disse que iria comprá-la.
Joana disse que iria comprar. Comprar o quê? La (algo, um objeto, o qual pode ser uma bolsa, uma blusa, etc).
Joana lhe explicou por que não era para comprar.
Joana explicou. Explicou o quê? O motivo pelo qual não era para comprar. Explicou para quem? Lhe (para você: objeto indireto precedido de preposição). 

Omissão dos complementos nos casos de regência 

A omissão dos complementos nos casos de regência se manifesta no intuito de evitar repetições.

A omissão dos complementos nos casos de regência representa mais uma particularidade linguística da qual devemos ter conhecimento. Dada essa realidade, a partir de agora estabeleceremos familiaridade com o assunto.

A omissão de termos se manifesta no intuito de evitar possíveis repetições, tornando o discurso ainda mais claro e preciso. Em se tratando do contexto ao qual fazemos referência, nada de diferente ocorre, levando em consideração os complementos verbais e nominais. No que se refere a estes últimos, analisemos o seguinte enunciado:

Respeito e obediência aos mais velhos.
Constatamos que o complemento “aos mais velhos” foi nitidamente omitido. Concorda? Sim, pois na intenção de deixar o discurso repetitivo, poderíamos optar pela seguinte enunciação: respeito aos mais velhos e obediência aos mais velhos.

Dessa forma, houve a possibilidade de usarmos tal recurso (a omissão), visto que os substantivos “respeito e obediência” possuem a mesma regência.

Pode-se dizer que o mesmo ocorre em se tratando de complementos verbais. Analisemos, pois, outro enunciado:

Li e devolvi a revista.

Li a revista e devolvi a revista. Ora, por que não dizer apenas:

Li a revista e devolvi-a.

Constatamos que o recurso se manifestou, visto que, semelhantemente ao caso anterior, ambos os verbos obedecem à mesma regência, ou seja, são transitivos diretos. 

Peculiaridades do verbo lembrar 

As peculiaridades do verbo lembrar são demarcadas, entre outros aspectos, pela regência, a qual o faz configurar como transitivo direto e transitivo indireto.

As peculiaridades são marcas, traços característicos, os quais se referem a algo ou a alguém. E quando esse assunto se relaciona aos verbos, percebemos que o ajuste se dá de forma ainda mais efetiva, visto que tal classe é norteada por uma complexidade significativa no que tange a vários aspectos, dentre eles a regência. 

Regência essa demarcada pela relação que se estabelece entre o verbo e seus respectivos complementos, levando em consideração o contexto em que esse verbo se encontrar inserido. Assim, exatamente em função de tal contexto, constataremos a presença ou não da preposição, ou seja, se transitivos diretos ou indiretos.

Dada essa realidade, elegemos, pois, o verbo lembrar - representando o fato em questão. Mesmo porque, cotidianamente fazemos uso dele, e nada melhor do que estarmos cientes dos pontos que o demarcam. Partindo desse princípio, vejamos:

No sentido de vir à memória, ora configurando um ato extremamente involuntário de nossa parte, muitos não sabem, mas o correto é empregarmos a forma pronominal. Importante também é sabermos que tal pressuposto também se aplica ao verbo esquecer. Observe:

Eu não me lembro de ter visitado aquele lugar.
Nunca me esquecerei dos momentos felizes que passamos aqui.


Constatamos que por se tratar de um verbo pronominal, o complemento que a ele se refere sempre é regido por uma preposição – fato que o faz ser concebido como transitivo indireto. No exemplo em pauta, as preposições se revelam por “de” e “dos”.

Tal ocorrência também pode ser constatada quando o complemento é demarcado por um verbo no infinitivo, como em:

Ele não se lembrou de entregar a documentação exigida. (primeira conjugação)

Não se esqueça de trazer a encomenda solicitada. (segunda conjugação)


Partamos agora para outros contextos, nos quais o verbo em questão assumirá a condição de transitivo direto, dispensando assim o uso da preposição. Note:

Aquela senhora lembra uma antiga professora. (sentido de ser parecida com alguém)

Tudo aqui lembra minha esposa. (sentido de trazer à memória a figura de alguém)


Por fim, é importante lembrarmos de que quando o sentido se referir a “informar”, “advertir” ou “prevenir”, a construção se dará  com o objeto direto de pessoa (demarcado pelos pronomes oblíquos o, a, os as) e com o indireto de assunto (demarcado pela preposição de). Assim, nada mais conveniente que expressarmos com base no exemplo em evidência:

Lembrou-a de que deveria comparecer à reunião.   

Lembrou quem? Ela (a)
De quê? De que deveria comparecer à reunião. 

Regência de verbos com sentido de movimento ou estático 

A regência de verbos com sentido de movimento ou estático se dá por meio de preposições distintas: os verbos de movimento regem a preposição “a”, enquanto os verbos estáticos regem a preposição “em”.

Os estudos sintáticos nos permitem compreender como se dão as relações que as palavras desempenham quando inseridas num contexto linguístico. Sendo assim, se falamos acerca da regência de verbos com sentido de movimento ou estático, estamos nos referindo, pois, à relação que tais verbos estabelecem com os complementos que os sucedem.

Nesse sentido, de forma a ampliar nossa competência linguística, tendo em vista a variedade padrão, ocupemo-nos em analisar alguns pressupostos relacionados a esse assunto. Assim, vejamos:

Os verbos que indicam movimento, expressos por “chegar, ir, voltar”, entre outros, sempre regem a preposição “a”. Desse modo, vejamos alguns exemplos nos quais constatamos tal ocorrência:

Duas vezes depois, voltamos ao teatro.

Chegamos ao parque já com alguns minutos de atraso.

Fui ao colégio para me despedir da turma.


Aqueles verbos que indicam sentido estático, como os representados por “morar, residir, ficar”, entre outros, regem a preposição “em”. Analisemos, então, alguns casos:

Moramos na Avenida dos Alpes.

Meus primos residem em Fortaleza, onde sempre passamos as férias.

Ficamos em casa, estudando para as avaliações.
 

Alguns verbos que causam dúvidas 

Há alguns verbos que geram dúvidas quanto à sua regência. A regência desses verbos implica em mudança de sentidos nas frases. Estudar a regência verbal dos casos especiais de regência é importante para termos uma correta interpretação do que nos dizem ou do que lemos. Veja a explicação dos verbos mais usados na língua, mas que causam equívocos quanto à regência:

• Agradar: transitivo direto ou indireto
Objeto direto: fazer carinhos. Exemplo: Agrada a esposa todo aniversário.

Objeto indireto: ser agradável: Exemplo: Seu discurso não agrada ao país.

• Aspirar: transitivo direto ou indireto
Objeto direto: inspirar o ar. Exemplo: Aspirei um aroma muito bom agora.

Objeto indireto: desejar, ter ambição. Exemplo: Aspiro ao cargo de prefeito.

• Assistir: transitivo direto, indireto ou intransitivo
Objeto direto ou indireto. auxiliar, prestar ajuda. Exemplos: O médico assiste o paciente nesse horário./ O médico assiste ao paciente nesse horário.

Objeto indireto: ver, presenciar. Exemplo: Assistimos à peça teatral.

Objeto indireto: pertencer, caber. Exemplo: Esse plantão assiste ao novo porteiro.

Intransitivo: morar, residir. Exemplo: A alegria e a humildade assistem em pessoas de princípios.

• Chamar: transitivo direto ou indireto
Objeto direto: mandar vir, solicitar a presença. Exemplo: A professora chamou os alunos. Quando regido da preposição por: Exemplo: Ela chamou por mim.

Objeto indireto: chamar pelo nome, apelidar. Exemplos: Chamaram a menina de balão. Chamaram-na de balão. Chamaram a menina balão. Chamaram-na balão. Chamaram à menina de balão. Chamaram-lhe balão. Chamaram à menina balão.

• Implicar: transitivo direto ou indireto
Objeto Indireto: acarretar, provocar. Exemplo: A sua desobediência implicará em  consequências.

Objeto direto: dar a entender, pressupor. Exemplo: Sua obediência implicará  bons resultados, como: experiência e maturidade.

Objeto direto e indireto: comprometer, envolver. Exemplo: Implicaram o presidente da república com embasamento em seu discurso.

Objeto indireto: antipatizar. Exemplo: Joana implicava com  sua colega de sala.

• Precisar: transitivo direto e indireto
Objeto direto: indicar com precisão. Exemplo: O policial precisou o lugar do crime.

Objeto indireto: necessitar seguido da preposição de: Exemplo: Joana precisa de sua ajuda.

• Querer: transitivo direto ou indireto
Objeto direto: desejar, permitir. Exemplo: Quero pedir-lhe desculpas.

Objeto indireto com a preposição “a”: gostar, ter afeto. Exemplo: Quero muito bem aos meus familiares.

• Reparar: transitivo direto ou transitivo indireto
Objeto direto: consertar. Exemplo: Vou chamar o técnico para que repare nossa televisão.

Objeto indireto seguido de preposição “em”: prestar atenção: Exemplo: Ele reparou na (em+a) cor do cabelo da menina.

• Visar: transitivo direto ou indireto
Objeto direto: mirar, apontar, pôr visto: Exemplo: O arqueiro visou o centro do seu alvo e acertou.

Objeto indireto (complemento precedido de preposição “a”): ter em vista, ter por objetivo. Exemplo: As novas medidas na empresa visam ao bem-estar geral.

Relação entre as preposições e a regência verbal 

Mediante os pressupostos apresentados pelos fatos linguísticos, constatamos que entre as preposições e os fatos linguísticos há uma estreita relação.

Discutir acerca dos fatos que norteiam a língua é sempre proveitoso, dado o aprimoramento de nossa competência linguística. Razão esta que nos conduz a mais um deles, desta feita entrando em cena...
“Relações entre as preposições e a regência verbal”

Trata-se de um episódio linguístico cujos atores, como já deu para perceber, são representados pelas preposições e pela regência verbal: representando cenas da vida cotidiana. Por que “da vida cotidiana”? Porque o fato, a ocorrência, faz-se presente em nossas comunicações cotidianas e, como tal, precisamos estar atentos a alguns detalhes, os quais não podem jamais passar em branco.

Não é preciso ir muito além para compreender que a regência verbal nada mais é do que a relação estabelecida entre os verbos e seus respectivos complementos. Entre essa relação há aqueles que indispensavelmente requerem o uso das preposições. Partindo desse princípio, sobretudo apoiando-nos em alguns exemplos, certifiquemo-nos de algumas informações:

Esse é o livro que todos precisavam.
Ora, quem precisa, precisa de algo. Assim, reformulando o discurso, obtemos:
Esse é o livro de que todos (ou do qual) precisavam.

Aquele é o único amigo que confio.
Como, se quando confiamos, confiamos sempre em alguém? Ou seja, o correto seria:
Aquele é o único amigo em (ou no qual) que confio.

Esta é a ideia que me refiro.
Você faz referência a algo, não é verdade? Logo, cuide-se para que tal discurso seja expresso da seguinte forma:
Esta é a ideia a que me refiro.
Perdemos o professor que os alunos mais gostavam.
Onde estás tu, querida preposição? Se gostamos, gostamos de alguém. Ou seja:
Perdemos o professor de quem os alunos mais gostavam.

Esses, entre tantos outros, representam os muitos exemplos onde se demarca a estreita relação que há entre as preposições e a regência verbal.

Paráfrase e paródia

Antes de começarmos a entender sobre a maneira pela qual se conceituam estes termos, é importante lembrarmos sobre a questão da intertextualidade.

A intertextualidade se dá através do diálogo estabelecido entre dois textos. Mas de que forma isso acontece? Um exemplo bem simples é o título de uma redação, pois o “assunto” a ser discutido intertextualiza com nossas ideias, nosso conhecimento de mundo, ou seja, ninguém escreve ou fala sobre aquilo do qual não conhece ou não ouviu falar.

Podemos tecer um texto intertextualizando uma música, uma pintura, uma reportagem publicada em um jornal, um assunto polêmico que circula na mídia, e muitos outros. Agora começaremos a entender mais sobre a paródia e paráfrase, que também são formas de intertextualização.

A paráfrase origina-se do grego “para-phrasis” (repetição de uma sentença). Assim, parafrasear um texto, significa recriá-lo com outras palavras, porém sua essência, seu conteúdo permanecem inalterados. Vejamos dois exemplos a seguir:

Texto Original

Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá,
As aves que aqui gorjeiam
Não gorjeiam como lá.
(Gonçalves Dias, “Canção do exílio”).


Paráfrase

Meus olhos brasileiros se fecham saudosos
Minha boca procura a ‘Canção do Exílio’.
Como era mesmo a ‘Canção do Exílio’?
Eu tão esquecido de minha terra…
Ai terra que tem palmeiras
Onde canta o sabiá!
(Carlos Drummond de Andrade, “Europa, França e Bahia”)


Podemos notar que o poeta modernista Carlos Drummond de Andrade faz somente uma recriação daquilo que Gonçalves Dias já havia criado na era romântica. Já a paródia é um exemplo de recriação baseada em um caráter contestador, às vezes até utilizando-se de uma certa dose de ironia e sarcasmo. Este recurso foi muito utilizado pelos poetas modernistas com o objetivo de criticar os “moldes” de outras escolas literárias. Para exemplificar temos:

Minha terra tem palmares
onde gorjeia o mar
os passarinhos daqui
não cantam como os de lá.
(Oswald de Andrade, “Canto de regresso à pátria”).

Polissemia

Consideremos as seguintes frases:

Paula tem uma mão para cozinhar que dá inveja!
Vamos! Coloque logo a mão na massa!
As crianças estão com as mãos sujas.
Passaram a mão na minha bolsa e nem percebi.


Chegamos à conclusão de que se trata de palavras idênticas no que se refere à grafia, mas será que possuem o mesmo significado? Existe uma parte da gramática normativa denominada Semântica. Ela trabalha a questão dos diferentes significados que uma mesma palavra apresenta de acordo com o contexto em que se insere.

Tomando como exemplo as frases já mencionadas, analisaremos os vocábulos de mesma grafia, de acordo com seu sentido denotativo, isto é, aquele retratado pelo dicionário.

Na primeira, a palavra “mão” significa habilidade, eficiência diante do ato praticado. Nas outras que seguem o significado é de: participação, interação mediante a uma tarefa realizada; mão como parte do corpo humano e por último, simboliza o roubo, visto de maneira pejorativa.

Reportando-nos ao conceito de Polissemia, logo percebemos que o prefixo “poli” significa multiplicidade de algo. Possibilidades de várias interpretações levando-se em consideração as situações de aplicabilidade.

Há uma infinidade de outros exemplos em que podemos verificar a ocorrência da polissemia, como por exemplo:

O rapaz é um tremendo gato.
O gato do vizinho é peralta.
Precisei fazer um gato para que a energia voltasse.

Pedro costuma fazer alguns “bicos” para garantir sua sobrevivência
O passarinho foi atingido no bico.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Fatos contábeis

Distinguimos na contabilidade, uma parte teórica e uma prática. A primeira é de fixação de princípios e preceitos, de análise e interpretação de fatos, de estabelecimento de relações de causa e efeito e de previsão para futuros acontecimentos, é a contabilidade científica. A parte prática, da execução do registro dos acontecimentos, é a técnica através da qual a contabilidade atinge seu objetivo, que é estudar e controlar o patrimônio e fornecer as informações sobre seu estado e suas variações. Essa técnica chama-se escrituração.

A escrituração pode ser definida como o registro dos fatos contábeis, segundo os princípios de normas técnico-contábeis, tendo em vista demonstrar a situação econômico-patrimonial da entidade e os resultados econômicos por ela obtidos em um exercício.

O lançamento é o registro de um fato contábil. O conjunto dos lançamentos, que chamamos de escrituração contábil, pode ser feito de várias maneiras, de acordo com os métodos adotados.

Fatos contábeis

Fatos contábeis são ocorrências que se registram no patrimônio, trazendo-lhe variações específicas ou quantitativas. São todos os acontecimentos suscetíveis de registro, ou contabilização, daí a designação de contábeis.

Nem sempre alteram a situação líquida do patrimônio. Algumas vezes essas ocorrências constituem mera permutação entre as espécies de seus elementos: são as alterações específicas. Outras vezes trazem-lhe variações aumentativas ou diminutivas; são as alterações quantitativas, que modificam o patrimônio líquido da entidade.

Os fatos contábeis estão classificados em três grupos: permutativos, modificativos e mistos ou composto.

Fatos permutativos

São os que trazem variações do ponto de vista específico, sem alterar a situação líquida do patrimônio.

Assim, podem ocorrer permutações entre componentes do ativo ou do passivo, ou, ainda, compensações entre componentes do ativo e do passivo, sem reduzir ou aumentar a situação líquida.

Como exemplo de permutação de componentes do ativo, temos o recebimento de duplicatas. Por esta operação há redução do ativo, mais precisamente do sub-grupo créditos, por que desaparece o crédito a receber ou o valor do título, mas ao mesmo tempo ocorre aumento do ativo influenciado pelo aumento das disponibilidades, pela entrada do dinheiro em caixa. Não há, portanto, alteração na situação líquida do patrimônio, ou seja, no PL, mas apenas permutação de seus elementos constitutivos, pois a saída de um fato foi compensada pela entrada de outro fato de igual valor.

Exemplos de permuta:

a) Compra de mercadorias ou matérias-primas a prazo, que envolve a conta estoques e fornecedores, desta forma eleva o total do ativo e na mesma proporção o passivo não havendo modificações no PL, portanto, houve uma permutação tanto no Ativo quanto no Passivo.
     Lançto.: D: Ativo Circulante / Estoques
                   C: Passivo Circulante / Fornecedores

b) A empresa financia a compra acima em um determinado banco, passando a dívida do então, fornecedor, para o Banco dos Doleiros, assim, os saldos das contas do Passivo sofrem alterações e não provocam variações do PL, então ocorreu uma permuta.
     Lançto.: D: Passivo Circulante / Fornecedores
                   C: Passivo Circulante / Empréstimos ou Financiamentos Bancários

Note que a compensação entre elementos ativos e passivos pode trazer aumento nessas duas partes do patrimônio, ou a diminuição em ambas, não alterando a situação líquida do patrimônio (PL).

Finalmente, percebemos que os fatos permutativos podem provocar aumento ou redução no total do ativo ou passivo, mesmo em operações de compras de mercadorias, porque esses fatos somente provocarão alterações no Patrimônio, ou seja, gerarão lucros ou prejuízos, quando as mercadorias forem vendidas, momento em que ocorrerá os fatos modificativos.

Fatos modificativos

São os que produzem alterações na situação líquida do patrimônio, diminuindo-a ou aumentando-a.

Há diminuição na situação líquida quando um bem é consumido ou quando ocorrerem gastos decorrentes da atividade econômica, e necessários para alcançar os fins da empresa. Assim, quando se paga empregados, aluguéis do prédio, impostos, além de inúmeros outros gastos pagos ou provisionados que provocam a diminuição no patrimônio líquido e não forem recuperados.

O aumento do patrimônio líquido, dá-se pela receita, ou seja, pelo recebimento de importâncias por serviços prestados, por juros de capitais empregados, por descontos obtidos com pagamentos antecipados, além de receitas secundárias. As variações patrimoniais positivas nas empresas mercantis e industriais, são provocadas pelas vendas de mercadorias e de produtos respectivamente e que por suas características e forma de escrituração podem ser fatos mistos.

Os fatos modificativos podem ser aumentativos ou diminutivos:

Fatos modificativos diminutivos

Estes fatos reduzem o valor do Patrimônio provocado pela saída de dinheiro, ou de bens do Ativo e ou o aumento de dívidas que está representada no Passivo, a contratação e a provisão de gastos que serão representadas por despesas ou custos. Portanto, há uma redução nos lucros ou o aumento dos prejuízos que reduzem o valor do Patrimônio Liquido.

Exemplos de modificação diminutiva:
     a) Pagamento de alugueis do prédio
          Lançto.: D: RE / Despesas Operacionais / Alugueis
                        C: AC / Disponibilidades / Caixa ou Bancos
     b) Apropriação de juros sobre financiamentos ou empréstimos bancários.
          Lançto.: D: RE / Despesas Financeiras / Juros Passivos ou Juros s/ Financiamentos
                        C: Passivo Circulante / Empréstimos ou Financiamentos Bancários
     c) Provisão de Impostos e Encargos diversos como PIS/Faturamento.
          Lançto.: D: RE / Deduções das Receitas / PIS/Faturamento
                        C: Passivo Circulante / Impostos e Encargos Sociais a Recolher

Fatos modificativos aumentativos

Ao contrário do caso anterior, estes aumentam o Patrimônio de forma definitiva provocado pela entrada de dinheiro, aumento dos créditos originados pelas receitas com juros sobre recebimentos em atraso e desconto obtidos.

Exemplos de modificação aumentativa:
     a) Recebimento e ou apropriação de Juros sobre Duplicatas de Clientes em atraso.
          Lançto.: D: AC/Disponibilidades/Caixa ou AC/Clientes
                        C: RE Receitas Financeiras / Juros Ativos ou Juros sobre DR
     b) Descontos obtidos no pagamento de contas ou duplicatas a fornecedores.
          Lançto.: D: PC / Fornecedores
                        C: RE / Receitas Financeira/Descontos Obtidos

Fatos mistos ou compostos

São os que conjugam a permutação com modificação de valores na situação liquida do patrimônio, podendo estes fatos serem desdobrados em fatos permutativos e modificativos. Eles podem trazer ao mesmo tempo modificações nos elementos do Ativo ou do Passivo e variações no Patrimônio Líquido.

Podemos exemplificar o fato misto com a venda de mercadorias ou produtos, em que uma empresa comercial normalmente pratica as vendas de mercadorias com uma margem que podemos chamar de lucros, e o valor praticado da venda da mercadoria é R$120,00, que foi comprada por R$100,00, então este fato provoca a permutação ocorrida pela entrada do valor recebido correspondente ao valor pago pela mercadoria R$100,00 e a modificação pela entrada de R$ 20,00 correspondente a margem (lucro) sobre a mercadoria vendida.

Exemplificamos fatos que modificam e permutam o total do patrimônio:
     a) Venda de mercadorias considerando o envolvimento em todos os elementos do patrimônio e aspectos.
          A venda (neste momento permutativo)........... R$ 120,00
               Lançto.: D: AC/Disponibilidades/Caixa ou AC/Clientes
                             C: RE Receitas/Vendas de Mercadorias
          A apropriação dos custos – CMV – CPV – CSP (fato permutativo) .......... R$ 100,00
               Lançto.: D: RE/Custos / CMV – CPV – CSP1
                             C: AC/Estoques/Estoques de Mercadorias
          O lançamento da margem ou do lucro (fato modificativo) ................. R$ 20,00
               Lançto.: D: RE/Lucros do Exercício
                             C: PL / Lucros ou Prejuízos Acumulados
     b) Recebimento de Duplicatas com concessão de descontos ao cliente. Valor da
          Duplicata a Receber R$ 100,00, desconto concedido R$ 10,00:
               Lançamento pelo recebimento líquido de R$ 90,00, fato permutativo,
                    Lançto.: D: AC/Disponibilidades/Caixa
                                  C: AC/Crédito / Duplicatas a Receber
               Lançamento pelo desconto concedido de R$ 10,00, fato modificativo,
                    Lançto.: D: RE/Despesas Operacionais/Comerciais
                                  C: AC/Crédito / Duplicatas a Receber

Exemplo

EMPRESA DELTA W COMÉRCIO ATACADISTA LTDA.
CNPJ n.º 72.059.629/0001-18                               Inscrição Estadual n.º 90144739-01

SALDO DAS CONTAS PATRIMONIAIS em 31/12/2007


PEDE-SE:
     1) Identificar as contas de acordo com a classificação usando as siglas;
     2) Estruturar o Balanço em 31/12/2007.

---------------------------------------------------
CMV = Custos das Mercadorias Vendidas
CPV = Custos dos Produtos Vendidos
CSP = Custos dos Serviços Prestados

Equação fundamental do patrimônio

A representação quantitativa do patrimônio de uma empresa é conhecida no meio contábil pela expressão Balanço Patrimonial. Mas afinal o que é o patrimônio?

Patrimônio

É o conjunto de bens, direitos e obrigações de uma entidade.

Sob o aspecto contábil, o patrimônio está dividido em duas partes: uma positiva chamada Ativo; e uma negativa chamada Passivo.

A diferença entre o Ativo (+) e o Passivo (-) chama-se Patrimônio Líquido, que aparece vinculado ao Passivo. Lembre-se que é necessário haver uma igualdade entre o Ativo e o Passivo, o que é denominado de Equação Fundamental do Patrimônio ou Equação Patrimonial.

Ativo = Passivo + Patrimônio Líquido


Ativo = Passivo

No entanto, o estado patrimonial poderá apresentar-se de diferentes maneiras na Equação Patrimonial:

a) Ativo = Passivo + Patrimônio Líquido

Isto, reflete uma situação de normalidade da empresa, uma vez que o conjunto de bens e direitos supera as obrigações.

b) Ativo = Patrimônio Líquido → Passivo = 0 (zero)

Implica na inexistência de obrigações para com terceiros, como geralmente ocorre na abertura da empresa. Nesse caso o passivo será igual a zero.

c) Ativo = Passivo → Patrimônio Líquido = 0 (zero)

Reflete a inexistência de capital próprio, o que significa que o ativo da empresa foi todo financiado com recursos de terceiros. Constitui um estado de alerta, pois a empresa atravessa por dificuldades financeiras, visto que determinados bens do ativo, como por exemplo, o imobilizado, não possui liquidez imediata além de não se destinar a revenda para saldar os compromissos assumidos. Diz-se que nesse caso o empreendimento está literalmente na corda bamba.

d) Ativo + Patrimônio Líquido = Passivo

Nessa hipótese a empresa se encontra em estado de insolvência, com um patrimônio líquido negativo, tornando-se indispensável a eliminação do Déficit aumentando o Patrimônio Líquido com a injeção de capital por parte dos seus proprietários. É uma situação conhecida no meio contábil como Passivo a Descoberto.

Plano de contas

Plano de contas (ou elenco de contas) é o conjunto de contas, previamente estabelecido, que norteia os trabalhos contábeis de registro de fatos e atos inerentes à entidade, além de servir de parâmetro para a elaboração das demonstrações contábeis.

A montagem de um plano de contas deve ser personalizada, por empresa, já que os usuários de informações podem necessitar detalhamentos específicos, que um modelo de plano de contas geral pode não compreender.

Objetivos do plano de contas

Seu principal objetivo é estabelecer normas de conduta para o registro das operações da organização e, na sua montagem, devem ser levados em conta três objetivos fundamentais:
a) atender às necessidades de informação da administração da empresa; 
b) observar formato compatível com os princípios de contabilidade e com a norma legal de elaboração do balanço patrimonial e das demais demonstrações contábeis (Lei 6.404/76, a chamada "lei das S/A”); 
c) adaptar-se tanto quanto possível às exigências dos agentes externos, principalmente às da legislação do Imposto de Renda. 

Elenco de contas e correspondente conjunto de normas

O plano de contas, genericamente tido como um simples elenco de contas, constitui na verdade um conjunto de normas do qual deve fazer parte, e ainda, a descrição do funcionamento de cada conta - o chamado "manual de contas", que contém comentários e indicações gerais sobre a aplicação e o uso de cada uma das contas (para que serve, o que deve conter e outras informações sobre critérios gerais de contabilização). 

Como exemplo, temos a conta "Caixa", que registrará o dinheiro em espécie (papel ou moeda) disponível na tesouraria da empresa. Trata-se de uma conta do Ativo Circulante, subgrupo Disponibilidades.

É sugerível que o plano de contas contenha, no mínimo, 4 (quatro) níveis:
- Nível 1: Ativo, Passivo, Patrimônio Líquido, Receitas, Custos e Despesas.
- Nível 2:
     - Ativo: Circulante, Realizável a Longo Prazo e Permanente.
     - Passivo e Patrimônio Líquido: Circulante, Passivo Exigível a Longo Prazo e Patrimônio Líquido.
     - Receitas: Receita Bruta, Deduções da Receita Bruta, Outras Receitas Operacionais e Receitas Não Operacionais.
     - Custos e Despesas Operacionais e Não Operacionais.
- Nível 3: Contas que evidenciem os grupos a que se referem, como por exemplo:
     - Nível 1 - Ativo
     - Nível 2 - Ativo Circulante 
     - Nível 3 - Bancos Conta Movimento 
- Nível 4: Sub-contas que evidenciem o tipo de registro contabilizado, como por exemplo: 
     - Nível 1 - Ativo 
     - Nível 2 - Ativo Circulante 
     - Nível 3 - Bancos Conta Movimento 
     - Nível 4 - Banco A 

Modelo de plano de contas

1. ATIVO
     1.1 ATIVO CIRCULANTE 
          1.1.1 Disponível 
               1.1.1.01 Caixa 
               1.1.1.02 Banco c/ Movimento 
                    1.1.1.02.01 Banco X 
                    1.1.1.02.02 Banco Y 
               1.1.1.03 Aplicação de Liquidez Imediata 
               1.1.1.04 Cheques em Cobrança 
               1.1.1.05 Numerários em Trânsito 
          1.1.2 Valores a Receber 
               1.1.2.01 Duplicatas a Receber 
               1.1.2.02 (-) Duplicatas Descontadas 
               1.1.2.03 (-) Provisão p/ Devedores Duvidosos 
               1.1.2.04 Impostos a Recuperar 
                    1.1.2.04.01 ICMS a Recuperar 
               1.1.2.05 Cheques a Receber 
               1.1.2.06 Adiantamento a Fornecedores 
               1.1.2.07 Adiantamento a Empregados 
          1.1.3 Estoques
               1.1.3.01 Matérias-primas 
               1.1.3.02 Material Secundário 
               1.1.3.03 Produtos em Elaboração 
               1.1.3.04 Produtos Acabados 
               1.1.3.05 Mercadorias 
               1.1.3.06 Material de Expediente 
          1.1.4 Despesas Antecipadas 
               1.1.4.01 Seguros a Vencer 
               1.1.4.02 Encargos Financeiros a Apropriar 
               1.1.4.03 Assinaturas e Anuidades 
     1.2 ATIVO NÃO CIRCULANTE 
          1.2.1 Realizável a Longo Prazo 
          1.2.2 Títulos a Receber 
          1.2.3 Depósitos Judiciais 
          1.2.4 Adiantamentos a Sócios 
          1.2.5 Adiantamentos a Acionistas 
          1.2.6 Empréstimos a Coligadas 
          1.2.7 Empréstimos a Controladas 
          1.2.8 Investimentos 
               1.2.8.01 Ações de Controladas 
               1.2.8.02 Ações de Coligadas 
               1.2.8.03 Ações de Outras Empresas 
          1.2.9 Imobilizado 
               1.2.9.01 Edificações 
               1.2.9.02 Móveis e Utensílios 
               1.2.9.03 Veículos 
               1.2.9.04 Ferramentas 
               1.2.9.05 Máquinas e Equipamentos 
               1.2.9.06 Reflorestamentos 
               1.2.9.51 (-) Depreciação Acumulada Edificações 
               1.2.9.52 (-) Depreciação Acumulada Móveis e Utensílios
               1.2.9.56 (-) Exaustão Acumulada Reflorestamentos 
          1.2.10 Intangível 
               1.2.10.01 Fundo de Comércio Adquirido 
               1.2.10.02 Bens Incorpóreos 
               1.2.10.99 (-) Amortização Acumulada 
2. PASSIVO 
     2.1 PASSIVO CIRCULANTE 
          2.1.1 Fornecedores 
          2.1.2 Duplicatas a Pagar 
          2.1.3 Salários a Pagar 
          2.1.4 INSS a Recolher 
          2.1.5 FGTS a Recolher 
          2.1.6 Provisão p/ 13º Salário 
          2.1.7 Dividendos a Pagar 
          2.1.8 Imposto de Renda a Recolher 
          2.1.9 Contribuição Social a Recolher 
          2.1.10 Provisão p /Férias 
          2.1.11 ICMS a Recolher 
          2.1.12 PIS Receita Bruta a Recolher 
          2.1.13 Cofins Receita Bruta a Recolher 
          2.1.14 PIS Importação a Recolher 
          2.1.15 Cofins Importação a Recolher 
          2.1.20 Empréstimos Bancários 
     2.2 PASSIVO NÃO CIRCULANTE 
          2.2.1 Adiantamento de Sócios 
          2.2.2 Adiantamento de Acionistas 
          2.2.3 Empréstimos de Coligadas 
          2.2.4 Empréstimos de Controladas 
     2.3 PATRIMÔNIO LÍQUIDO
          2.3.1 Capital Social Subscrito e Integralizado 
               2.3.1.01 Capital Subscrito 
               2.3.1.02 (-) Capital a Integralizar 
                    2.3.1.02.01 (-) Sócio 1 
                    2.3.1.02.02 (-) Sócio 2 
          2.3.2 Reservas de Capital 
          2.3.3 Ajustes de Avaliação Patrimonial 
          2.3.4 Reservas de Lucros 
               2.3.4.01 Reserva Legal
               2.3.4.02 Reserva de Incentivos Fiscais 
          2.3.5 (-) Ações em Tesouraria 
          2.3.6 (-) Prejuízos Acumulados 
          2.3.9 Resultado Transitório do Exercício em Curso 
3. RECEITAS 
     3.1 Receitas Operacionais 
          3.1.1 Vendas 
               3.1.1.01 Receita de Vendas de Produtos 
               3.1.1.02 Receita de Vendas de Mercadorias 
               3.1.1.03 Receita de Prestação de Serviços 
          3.1.2 Financeiras 
               3.1.2.01 Juros Ativos 
               3.1.2.02 Juros de Aplicações Financeiras 
               3.1.2.03 Descontos Obtidos 
               3.1.2.04 Variações Monetárias e Cambiais Ativas 
          3.1.3 Outras Receitas 
               3.1.3.01 Aluguéis e Arrendamentos 
               3.1.3.02 Vendas de Sucatas e Resíduos
               3.1.3.03 Dividendos e Lucros Recebidos 
               3.1.3.04 Indenizações Recebidas 
               3.1.3.05 Receita na Venda de Bens do Ativo Não Circulante 
               3.1.3.06 Resultado Positivo da Equivalência Patrimonial 
4. DESPESAS 
     4.1 Despesas Operacionais 
          4.1.1 Despesas Administrativas 
               4.1.1.01 Honorários da Diretoria 
               4.1.1.02 Salários e Ordenados 
               4.1.1.03 Encargos Sociais 
               4.1.1.04 Energia Elétrica 
               4.1.1.05 Material de Expediente 
               4.1.1.06 Indenizações e Aviso Prévio 
               4.1.1.07 Manutenção e Reparos 
               4.1.1.08 Serviços Prestados por Terceiros 
               4.1.1.09 Seguros 
               4.1.1.10 Telefone 
               4.1.1.11 Propaganda e Publicidade 
          4.1.2 Despesas com Vendas 
               4.1.2.01 Honorários da Diretoria 
               4.1.2.02 Salários e Ordenados 
               4.1.2.03 Encargos Sociais 
               4.1.2.04 Energia Elétrica 
               4.1.2.05 Material de Expediente 
               4.1.2.06 Indenizações e Aviso Prévio
               4.1.2.07 Manutenção e Reparos
               4.1.2.08 Serviços Prestados por Terceiros 
               4.1.2.09 Seguros 
               4.1.2.10 Telefone 
               4.1.2.11 Propaganda e Publicidade 
          4.1.3 Despesas Financeiras 
               4.1.3.01 Juros Passivos 
               4.1.3.02 Variações Monetárias e Cambiais Passivas 
               4.1.3.03 Descontos Concedidos 
          4.1.4 Outras Despesas 
               4.1.4.01 Custo das Vendas do Ativo Não Circulante 
               4.1.4.02 Provisões para Perdas Permanentes 
               4.1.4.03 Resultado Negativo da Equivalência Patrimonial

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Patrimônio

Conceito contábil e componentes patrimoniais

Patrimônio: é o conjunto de bens, direitos e obrigações.

Bens: é tudo que pode ser avaliado economicamente e que satisfaz as necessidades humanas;
     Bens tangíveis: tem existência física, existe como coisa ou objeto. Exemplos: dinheiro, mercadoria para revenda, imóveis, máquinas, veículos, móveis, equipamentos, etc;
     Bens intangíveis: os exemplos são marcas e patentes, ações ou quotas de capital.

Direitos: são bens de nossa propriedade que se encontram em poder de terceiros (valores a receber). Exemplos: duplicatas a receber, títulos a receber, notas promissórias a receber, aluguéis a receber, clientes, dinheiro em banco, aplicações financeiras etc.

Obrigações: são bens de propriedade de terceiros que se encontram em nosso poder (valores a pagar). Exemplos: duplicatas a pagar, títulos a pagar, notas promissórias a pagar, aluguéis a pagar, fornecedores, impostos a recolher etc. 

Itens patrimoniais

Ativo: é o conjunto de bens e direitos (parte positiva), chamado de patrimônio bruto.

Passivo: é o conjunto de obrigações (parte negativa), também chamado de capital de terceiros ou passivo exigível.

Patrimônio líquido: é a diferença entre o ativo e o passivo. Representa as obrigações da entidade para com os sócios ou acionistas. É a parte do patrimônio que vai medir ou avaliar a situação ou condição da entidade; é chamado, também, de passivo não exigível ou situação líquida.

Equação patrimonial e suas variações

PATRIMÔNIO LÍQUIDO = ATIVO - PASSIVO

Situações patrimoniais

a) ATIVO > PASSIVO: Patrimônio Líquido é POSITIVO / SUPERAVITÁRIO
     - Situação Favorável: PL+ ou SL+
     - Ocorre quando os bens e direitos (Ativo) excedem o valor das obrigações com terceiros (Passivo Exigível)

b) ATIVO < PASSIVO: Patrimônio Líquido é NEGATIVO / DEFICITÁRIO
     - Situação Desfavorável: PL- ou SL- ou Passivo a Descoberto
     - Ocorre quando os bens e direitos (Ativo) são menores do que as obrigações com terceiros (Passivo Exigível)

c) ATIVO = PASSIVO: Patrimônio Líquido é NULO / EQUILIBRADO
     - Situação NULA, Equilíbrio Aparente: A = PE, logo PL = 0
     - Ocorre quando os bens e direitos (Ativo) são iguais às obrigações com terceiros (Passivo Exigível); nessa hipótese o patrimônio líquido é nulo.

d) ATIVO = PATRIMÔNIO LÍQUIDO
     - Situação Plena ou Propriedade Total: A = PL, logo PE = 0
     - Ocorre quando os bens e direitos (Ativo) são iguais ao patrimônio líquido; nessa hipótese, as obrigações com terceiros (Passivo Exigível) são nulas.

e) PASSIVO EXIGÍVEL = PATRIMÔNIO LÍQUIDO
     - Situação de Inexistência de Ativos: PE = PL, logo A = 0
     - Ocorre quando as obrigações com terceiros (Passivo Exigível) é igual ao patrimônio líquido negativo; nessa hipótese, o ativo é nulo.

Representação gráfica dos estados patrimoniais

Na representação gráfica apresentada temos, de um lado, os bens e os direitos, que formam o grupo dos elementos positivos; e, do outro lado, as obrigações, que formam o grupo dos elementos negativos.
     - Na maioria das empresas comerciais, o ativo suplanta o passivo exigível (obrigações). Assim, a representação mais comum do patrimônio de uma empresa comercial assume a forma:
Ativo = Passivo Exigível + Patrimônio Líquido

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Parecer de auditoria

O parecer de auditoria é o produto final do trabalho do auditor.

Deve ser dirigidos à diretoria, ao conselho de administração ou aos acionistas, deve-se evitar enviá-lo a outras pessoas da companhia.

O parecer deve ter a mesma data do término dos trabalhos de campo, ou seja, término da auditoria. 

Objetivo da auditoria externa

O objetivo da auditoria externa ou independente é expressar a opinião sobre a propriedade das demonstrações financeiras, bem como se estas representam, de fato, a situação patrimonial e financeira, e o resultado da empresa, além da correta aplicação da legislação.

O parecer é a instrumentação pelo qual o auditor expressa sua opinião, em observância às normas de auditoria, uma vez realizado todo o trabalho de campo devidamente documentado com provas e evidências sobre as demonstrações financeiras. 

Divisão do parecer de auditoria

O parecer de auditoria, via de regra, é composto por três parágrafos: 

Primeiro parágrafo

Neste parágrafo é destacado o propósito de trabalho do auditor, bem como evidencia a responsabilidade por ele assumida. É denominado de parágrafo de introdução, onde o auditor identifica o objeto do trabalho.

De conformidade com a Resolução CFC 820/97, de 17/12/97, o Parecer dos Auditores Independentes destaca da seguinte forma o primeiro parágrafo: 

“(1) Examinamos os balanços patrimoniais da Empresa ABC, levantados em 31 de dezembro de 20X1 e 20X0, e as respectivas demonstrações do resultado, das mutações do patrimônio líquido e das origens e aplicações de recursos correspondentes aos exercícios findos naquelas datas, elaboradas sob a responsabilidade de sua administração. Nossa responsabilidade é a de expressar uma opinião sobre essas demonstrações contábeis.”

Segundo parágrafo

Neste parágrafo são abordadas a abrangência do trabalho de auditoria e a forma como o trabalho foi conduzido.

De conformidade com a Resolução CFC 820/97, de 17/12/97, o Parecer dos Auditores Independentes destaca da seguinte forma o conteúdo do segundo parágrafo:

“(2) Nossos exames foram conduzidos de acordo com as normas de auditoria e compreenderam: (a) o planejamento dos trabalhos, considerando a relevância dos saldos, o volume de transações e o sistema contábil e de controles internos da entidade; (b) a constatação, com base em testes, das evidências e dos registros que suportam os valores e as informações contábeis divulgados; (c) a avaliação das práticas e das estimativas contábeis mais representativas adotadas pela administração da entidade, bem como da apresentação das demonstrações contábeis tomadas em conjunto.”

Terceiro parágrafo

Neste parágrafo é expressada a opinião do auditor sobre o trabalho executado.

De conformidade com a Resolução CFC 820/97, de 17/12/97, o Parecer dos Auditores Independentes destaca da seguinte forma o conteúdo do terceiro parágrafo:

“(3) Em nossa opinião, as demonstrações contábeis acima referidas representam adequadamente, em todos os aspectos relevantes, a posição patrimonial e financeira da Empresa ABC em 31 de dezembro de 20X1 e de 20X0, o resultado de suas operações, as mutações de seu patrimônio líquido e as origens e aplicações de seus recursos referentes aos exercícios findos naquelas datas, de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil.”

Tipos de parecer de auditoria 

Os pareceres de auditoria mais usuais são:
     a) Parecer sem ressalva;
     b) Parecer com ressalva;
     c) Parecer adverso;
     d) Parecer com abstenção de opinião. 

Parecer sem ressalva

O parecer sem ressalva é emitido nas seguintes circunstâncias:
     - as demonstrações contábeis foram elaboradas de acordo os Princípios Fundamentais de Contabilidade e as Normas Brasileiras de Contabilidade;
     - princípios contábeis foram aplicados com uniformidade;
     - exames de auditoria foram executados de acordo com as normas;
     - demonstrações contábeis contém todas as exposições informativas necessárias.

Parecer com ressalva

O parecer com ressalva é emitido quando o auditor conclui que o efeito de qualquer discordância ou restrição na extensão de um trabalho não é de tal magnitude que requeira parecer adverso ou abstenção de opinião.

O parecer com ressalva deve obedecer ao modelo do parecer sem ressalva, com a utilização das expressões “exceto por”, “exceto quanto” ou “com exceção de” referindo-se aos efeitos do assunto objetivo da ressalva.

No parecer com ressalva o auditor deve deixar claro o motivo da ressalva, no parágrafo da opinião. 

Parecer adverso

No parecer adverso, o auditor emite opinião de que as demonstrações contábeis não representam adequadamente a situação patrimonial da empresa, nas datas e períodos indicados, e não estão de acordo com os Princípios Fundamentais de Contabilidade e as Normas Brasileiras de Contabilidade.

O auditor deve emitir parecer adverso quando verificar que as demonstrações contábeis estão incorretas e incompletas, em tal magnitude que impossibilite a emissão do parecer com ressalva. 

Parecer com abstenção de opinião/negativa de parecer
 
O parecer com a abstenção de opinião é aquele em que o auditor deixa de emitir opinião sobre as demonstrações contábeis, por não ter obtido comprovação suficiente para fundamentá-la.

Como regra, o parecer com abstenção de opinião deve ser emitido em qualquer caso que ocorrer limitação na execução dos trabalhos.

A abstenção de opinião em relação às demonstrações contábeis tomadas em conjunto não elimina a responsabilidade do auditor de mencionar, no parecer, qualquer desvio relevante que possa influenciar a decisão do usuário dessas demonstrações.

Situações que levam o auditor à emissão de um parecer diferente do parecer sem ressalva

Os quadros abaixo foram desenvolvidos com o objetivo de fixar as possíveis causas e os possíveis pareceres.

Pontos importantes

O parecer de auditoria, embora seja a finalização dos trabalhos e a opinião do auditor tenha fé pública, não dá garantias de continuidade ou não das atividades da Cia, fato esse de inteira responsabilidade da administração.

A responsabilidade da elaboração e publicação das demonstrações é de inteira responsabilidade da administração da Cia.

Datas a serem consideradas pelo auditor:
     a) Data das demonstrações contábeis:
          - ano civil - 31 de dezembro de 20x8;
          - ciclo operacional da empresa (determinadas atividades empresariais);
     b) Data de encerramento dos trabalhos de campo:
          - data do parecer;
     c) Data da publicação das demonstrações. 

MODELOS DE PARECERES

Parecer sem ressalva

Ilmos. Srs.
Diretores e acionistas da...

(1) Examinamos os balanços patrimoniais da empresa Cia. levantados em 31 de dezembro de 20X3 e 20X2, e as respectivas demonstrações do resultado, das mutações do patrimônio líquido e das origens e aplicações de recursos correspondentes aos exercícios findos naquelas datas, elaboradas sob a responsabilidade de sua administração. Nossa responsabilidade é a de expressar uma opinião sobre essas demonstrações contábeis.

(2) Nossos exames foram conduzidos de acordo com as normas de auditoria e compreenderam: (a) o planejamento dos trabalhos, considerando a relevância dos saldos, o volume de transações e o sistema contábil e de controles internos da entidade; (b) a constatação, com base em testes, das evidências e dos registros que suportam os valores e as informações contábeis divulgados; e (c) a avaliação das práticas e das estimativas contábeis mais representativas adotadas pela administração da entidade, bem como, da apresentação das demonstrações contábeis tomadas em conjunto.

(3) Em nossa opinião, as demonstrações contábeis acima referidas representam adequadamente, em todos os aspectos relevantes, a posição patrimonial e financeira da empresa Cia. em 31 de dezembro de X3 e X2; o resultado de suas operações, as mutações de seu patrimônio líquido e as origens e aplicações de seus recursos referentes aos exercícios findos naquelas datas, de acordo as práticas contábeis adotadas no Brasil.

São José do Rio Preto, 20 de fevereiro de 20X4.
Contador - CRC n.º 1SP010348/0-5
AUDITORES LTDA. - CRC n.º 2SP020020/0-9

Parecer com ressalva

Ilmos. Srs.
Diretores e acionistas da...

(1) Examinamos os balanços patrimoniais da empresa Cia. levantados em 31 de dezembro de 20X3 e 20X2, e as respectivas demonstrações do resultado, das mutações do patrimônio líquido e das origens e aplicações de recursos correspondentes aos exercícios findos naquelas datas, elaboradas sob a responsabilidade de sua administração. Nossa responsabilidade é a de expressar uma opinião sobre essas demonstrações contábeis.

(2) Nossos exames foram conduzidos de acordo com as normas de auditoria e compreenderam: (a) o planejamento dos trabalhos, considerando a relevância dos saldos, o volume de transações e o sistema contábil e de controles internos da entidade; (b) a constatação, com base em testes, das evidências e dos registros que suportam os valores e as informações contábeis divulgados; e (c) a avaliação das práticas e das estimativas contábeis mais representativas adotadas pela administração da entidade, bem como, da apresentação das demonstrações contábeis tomadas em conjunto.

(3) De acordo com suas instruções, não solicitamos a nenhum cliente que confirmasse seus saldos, relativos a débitos acumulados de contas a receber. Como consequência, não expressamos opinião sobre as contas a receber acumuladas, no total de R$..., as quais, pelo seu montante, tem influência na determinação da posição patrimonial e financeira, e na demonstração do resultado.

(4) Em nossa opinião, exceto quanto ao fato comentado no parágrafo anterior, as demonstrações contábeis referidas no parágrafo 1º representam adequadamente, em todos os aspectos relevantes, a posição patrimonial e financeira da empresa Cia. em 31 de dezembro de X3 e X2; o resultado de suas operações, as mutações de seu patrimônio líquido e as origens e aplicações de seus recursos referentes aos exercícios findos naquelas datas, de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil.

São José do Rio Preto, 20 de fevereiro de 20X4.
Contador - CRC n.º 1SP010348/0-5
AUDITORES LTDA. - CRC n.º 2SP020020/0-9

Parecer adverso

Ilmos. Srs.
Diretores e acionistas da...

(1) Examinamos os balanços patrimoniais da empresa Cia. levantados em 31 de dezembro de 20X3 e 20X2, e as respectivas demonstrações do resultado, das mutações do patrimônio líquido e das origens e aplicações de recursos correspondentes aos exercícios findos naquelas datas, elaboradas sob a responsabilidade de sua administração. Nossa responsabilidade é a de expressar uma opinião sobre essas demonstrações contábeis.

(2) Nossos exames foram conduzidos de acordo com as normas de auditoria e compreenderam: (a) o planejamento dos trabalhos, considerando a relevância dos saldos, o volume de transações e o sistema contábil e de controles internos da entidade; (b) a constatação, com base em testes, das evidências e dos registros que suportam os valores e as informações contábeis divulgados; e (c) a avaliação das práticas e das estimativas contábeis mais representativas adotadas pela administração da entidade, bem como, da apresentação das demonstrações contábeis tomadas em conjunto.

(3) No exercício de 20X3, a companhia deixou de contabilizar depreciações do imobilizado no montante aproximado de R$XX.XXX,XX. Desta forma, também não foi contabilizada a correção monetária que envolve o valor aproximado de R$Y.YYY,YY.

(4) No exercício de 20X2, a companhia deixou de contabilizar em regime de competência o valor de R$Z.ZZZ.ZZZ,ZZ, relativos a juros sobre empréstimos, que foram reconhecidos neste exercício. Os juros devidos no exercício de 20X2, no valor de R$W.WWW,WW, não foram contabilizados pela companhia neste exercício.

(5) A companhia não procedeu a contabilização da amortização do ativo diferido, que, se calculada à taxa máxima permitida pela legislação do imposto de renda relativo ao exercício de 20X3, seria de R$... . Consequentemente, também não foi reconhecida a correção monetária sobre essa amortização no valor aproximado de R$... . 

(6) As atividades industriais não estão proporcionando resultados suficientes para a cobertura dos custos e despesas incorridos, principalmente dos encargos financeiros, e para a amortização do ativo diferido. Para a continuidade das atividades da companhia, é necessário aporte de recursos na forma de capital de giro.

(7) Em nossa opinião, em decorrência do mencionado nos parágrafos de 3 a 5 e sujeito aos possíveis efeitos relacionados ao disposto no parágrafo 6, as demonstrações financeiras acima referidas, tomadas em conjunto, não representam adequadamente, a posição patrimonial e financeira da empresa Cia em 31 de dezembro de X3 e X2, nem o resultado de suas operações, as mutações de seu patrimônio líquido e as origens e aplicações de seus recursos referentes aos exercícios findos naquelas datas, de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil.

São José do Rio Preto, 20 de fevereiro de 20X4.
Contador - CRC n.º 1SP010348/0-5
AUDITORES LTDA. - CRC n.º 2SP020020/0-9

Parecer com abstenção de opinião

Ilmos. Srs.
Diretores e acionistas da...

(1) Examinamos os balanços patrimoniais da empresa Cia. levantados em 31 de dezembro de 20X3 e 20X2, e as respectivas demonstrações do resultado, das mutações do patrimônio líquido e das origens e aplicações de recursos correspondentes aos exercícios findos naquelas datas, elaboradas sob a responsabilidade de sua administração. Nossa responsabilidade é a de expressar uma opinião sobre essas demonstrações contábeis.

(2) Nossos exames foram conduzidos de acordo com as normas de auditoria e compreenderam: (a) o planejamento dos trabalhos, considerando a relevância dos saldos, o volume de transações e o sistema contábil e de controles internos da entidade; (b) a constatação, com base em testes, das evidências e dos registros que suportam os valores e as informações contábeis divulgados; e (c) a avaliação das práticas e das estimativas contábeis mais representativas adotadas pela administração da entidade, bem como, da apresentação das demonstrações contábeis tomadas em conjunto.

(3) De acordo com instruções recebidas da administração da Cia. não estivemos presentes à contagem física do inventário realizada em 31 de dezembro de 20X3. Como consequência, não podemos expressar qualquer opinião com respeito a esse inventário, que monta R$... .

(4) Em virtude do inventário de 31 de dezembro de 20X3 ter importância substancial na determinação da posição patrimonial e financeira, e do resultado das operações da Cia, não podemos expressar opinião sobre as demonstrações financeiras anexas, tomadas em conjunto.

São José do Rio Preto, 20 de fevereiro de 20X4.
Contador - CRC n.º 1SP010348/0-5
AUDITORES LTDA. - CRC n.º 2SP020020/0-9

Testes em auditoria

Considerando que a atividade de auditoria não se propõe a verificar a totalidade dos fatos ocorridos em uma organização, pois caso isto ocorresse necessitaria de um contingente muito grande de pessoas, e provavelmente os resultados levariam muito tempo para serem repassados aos interessados, a auditoria necessita fazer revisão com base em testes.

Estes testes podem ter um componente estatístico, ou não, dependendo dos objetivos que o auditor esteja perseguindo.

Na aplicação dos testes de auditoria, os controles internos da organização tem fundamental importância, considerando que, normalmente, quanto mais eficazes forem estes controles, a quantidade de testes em auditoria tende a ser menor, desde que, é claro, o auditor deposite confiança nestes.

Quando falamos em controle, o assunto é do domínio através do senso comum, uma vez que todos nós temos algum tipo de controle em nossas vidas, evitando o desperdício de recursos.

Amplitude dos testes de auditoria

Na fase inicial do desenvolvimento das técnicas de auditoria, surgiram muitas dúvidas, principalmente relacionadas com a amplitude dos testes. A principal delas era a seguinte: O auditor, para dar sua opinião sobre um determinado fato, teria que examinar todos os lançamentos contábeis/operações referentes àquilo que está sendo examinado?

Caso examinasse todos os lançamentos contábeis/operações, além do alto custo do serviço de auditoria, a opinião do auditor não teria utilidade, devido ao fato de que provavelmente seria emitida com muito atraso.

Em primeiro lugar, o auditor deve se preocupar com erros que, individualmente ou cumulativamente, possam levar a uma interpretação errônea de um fato, por parte de quem os está analisando. Portanto, o valor desses erros teria de ser significativo em relação às operações.

Em segundo lugar, normalmente a empresa já tem um conjunto de procedimentos internos com o objetivo de evitar a ocorrência de erros. Esse conjunto de procedimentos internos é chamado, na prática, de sistema de controle interno.

O risco da ocorrência de erros em uma empresa que possuí um bom sistema de controle interno, é muito menor do que em uma empresa com um sistema de controle interno ruim. O auditor utiliza o sistema de controle interno da empresa para determinar a amplitude dos testes de auditoria.

Estes testes serão abordados agora, procurando demonstrar a caracterização de cada um deles, bem como a oportunidade de empregá-los nas atividades de auditoria.

Existem globalmente dois tipos de testes em auditoria:
     - Testes de observância (ou testes de procedimentos);
     - Testes substantivos (ou testes comprobatórios de detalhes).

Testes de observância

Os testes de observância são aqueles empregados pelo auditor, a fim de determinar se os procedimentos internos determinados pela empresa estão sendo cumpridos pelos seus colaboradores.

Destinam-se em um primeiro momento a constatar a credibilidade dos procedimentos de controle da empresa, e não necessariamente os registros corretos das operações.

O objetivo do teste de observância é proporcionar razoável segurança de que os procedimentos de controle interno estejam sendo executados na forma determinada pela organização. Esta observação é essencial para o auditor, uma vez que é através dos testes de observância que ele pode vir a depositar maior ou menor confiança no sistema de controles internos aplicados.

Os testes de observância são largamente aplicados em auditorias operacionais, onde a preocupação central do auditor é se os colaboradores da organização respeitam as normas internas pré-estabelecidas.

A aplicação destes testes requer muita atenção e acuidade do auditor, e normalmente são aplicados sem que os envolvidos no processo auditado percebam, pois caso isto seja notado, certamente farão o correto, pelo menos na frente do auditor.

Testes substantivos

Este tipo de teste é empregado pelo auditor quando ele deseja obter provas suficientes e convincentes sobre as transações, que lhe proporcionem fundamentação para a sua opinião à cerca de determinados fatos.

Como objetivos fundamentais dos testes substantivos, destacam-se as seguintes constatações:
     - Existência real: que as transações comunicadas/registradas realmente tenham ocorrido;
     - Integridade: que não existam transações além daquelas registradas/demonstradas;
     - Parte interessada: que os interessados naquele registro/comunicação tenham obtido as informações na sua totalidade;
     - Avaliação e aferição: que os itens que compõem determinada transação/registro tenham sido avaliados e aferidos corretamente;
     - Divulgação: que as transações/registros tenham sido corretamente divulgadas.

Os testes substantivos são imprescindíveis em trabalhos de auditoria, uma vez que é através da aplicação correta destes que o auditor obtém evidências sobre os saldos, e/ou transações apresentadas pela empresa.

Este tipo de teste é de fundamental importância na complementação dos testes de observância, considerando que são através dos testes substantivos que o auditor tem condições de constatar sobre a fidedignidade das transações e registros contábeis.

Extensão dos exames de auditoria

Renomados autores de auditoria tem debatido sobre a extensão dos exames que devem ser realizados, sem, no entanto, terem chegado a conclusões pacíficas no que tange a abrangência dos testes.

Uma questão tão controversa como esta, é pendente de uma série de variáveis que influenciam nos exames de auditoria, tais como: número de transações, número de auditores, tempo da auditoria, relevância dos itens a examinar, dentre vários outros fatores.

Este tema deve ser abordardo levando em consideração três cenários:
     • Revisão integral;
     • Auditoria por testes (amostragem);
     • Revisão analítica.

Revisão integral

Este tipo de verificação compreende o exame de todos os registros, bem como a análise de todos os controles internos de uma entidade que tem respaldado determinada transação.

Equivale a uma perícia quanto a sua abrangência, e é praticamente impossível ser aplicada por auditores externos, e raramente é aplicada por auditores internos.

O custo de uma auditoria desta natureza tem valor elevado, considerando que uma equipe de auditores estaria o tempo todo se dedicando ao exame de uma única área, o que é muito raro acontecer.

Este tipo de auditoria aplica-se mais quando há indícios de fraudes, onde aí sim deve ser examinada a totalidade das operações, buscando identificar o “modus operandi” de como a fraude se processa na organização.

Auditoria por testes (amostragem)

A auditoria por testes, ou por amostragem, compreende o exame de determinada porcentagem dos registros, dos documentos ou dos controles, considerada suficiente para que o auditor faça seu juízo sobre a exatidão e a legitimidade dos elementos examinados.

A profundidade dos exames é determinada pelo auditor, e varia de acordo com a confiança, maior ou menor, que ele deposita no sistema de controles internos da empresa.

O que distingue a revisão integral da auditoria por testes é a amostragem, considerando que quando as empresas eram menores e com poucas operações era possível a verificação de 100% das transações, fato que hoje em dia é muito raro em razão do custo da auditoria, da complexidade e do volume das operações.

Nos testes de auditoria realizados por amostragem o auditor poderá utilizar-se da amostragem estatística ou aleatória, dependendo das circunstâncias e finalidades dos exames que serão realizados.

Por amostragem estatística, entende-se aquelas que necessitam de cálculos tais como média, mediana, moda, desvio padrão, regressão linear, e outros elementos da estatística na aplicação dos cálculos de amostragem.

Em relação às amostragens aleatórias, independem de cálculos estatísticos sofisticados, e sim da experiência e acuidade do auditor, selecionando transações, operações que estejam adequadas à finalidade dos exames.

Revisão analítica

Quando o auditor constata a existência de alguma deficiência relevante nos controles internos, ou quando através de teste de auditoria, ele detecta erros nos registros contábeis ou na documentação em que ele se apóia, sentindo a necessidade de aprofundamento em seus exames, ele estará aplicando procedimentos de revisão analítica.

A revisão analítica consiste no exame profundo e minucioso de todo o fluxo de controles internos e de exame analítico das operações de determinada natureza ou de certo período do ano, neste caso confundindo-se com a revisão integral.

A revisão analítica de todas as transações de um período pode consistir, por exemplo, na conferência de todos os documentos de caixas e bancos, confrontando os registros contábeis com os documentos originais, a fim de constar possíveis irregularidades.

A revisão analítica constitui uma forma essencial de teste substantivo. As técnicas empregadas constam de análises de flutuações, de índices financeiros, de tendências, dentre outros indicativos, utilizando-se principalmente de técnicas empregadas em análise das demonstrações financeiras.

Quando usar testes de observância e testes substantivos?

Em uma situação, por exemplo, existe um procedimento interno estabelecido por uma empresa, que prevê que a cada recepção de mercadorias/produtos, o responsável pelo almoxarifado confronte os dados da nota fiscal de compra com a ordem de compra.

Quando o auditor constata que há o confronto da nota com o pedido, ele está aplicando o teste de observância, porém não está sendo levado em consideração, se de fato está existindo a conferência dos dados dos documentos correlacionados, fato este que se aplicado pelo auditor, enquadra-se na segunda categoria de testes, os quais recebem o nome de testes substantivos.

Em outra situação, por exemplo, o auditor acompanha a rotina de registro de um colaborador, observando que há o cumprimento das obrigações trabalhistas, porém somente poderá verificar se esta contratação atende às normas internas, se aplicados os testes substantivos. Neste sentido, poderia haver a contratação de uma pessoa que era parente de funcionários da empresa, onde a legislação trabalhista não faz óbice à esta situação, porém poderia estar indo contrário a determinações internas, caso fosse proibida contratações desta natureza.

O equilíbrio a ser atingido na combinação dos testes de observância com os testes substantivos depende de diversos fatores e circunstâncias. Entretanto, as seguintes generalizações são apropriadas na maioria dos casos:
     - Se os controles internos são fortes, a combinação dos procedimentos normalmente deve favorecer os testes de observância e os testes substantivos analíticos;
     - Se os controles internos são fracos, a combinação dos procedimentos deve normalmente favorecer os testes substantivos mais extensos, tanto os analíticos quanto os de detalhes;
     - O tamanho da amostragem de todos os testes normalmente deve ser maior quando os controles internos são fracos.

Concluindo

Com a sofisticação atual das operações das organizações, e considerando o custo que uma auditoria representa, é normalmente inviável o exame da totalidade das operações que ocorrem nas empresas.

Para suprir a ausência da totalidade dos exames, e mesmo assim poder emitir opinião com segurança, o auditor realiza testes de auditoria, dependendo das circunstâncias do momento.

Os testes de auditoria proporcionam ganho de tempo, e ao mesmo tempo garantem ao auditor uma avaliação global das informações e do sistema de controles internos da organização.

É através dos resultados dos testes de auditoria que há uma maior ou menor segurança na opinião expressa no parecer, motivo pelo qual estes conceitos e aplicações práticas são de extrema importância, tanto para os profissionais já experientes quanto para os iniciantes.